Produtores de Mato Grosso começam a colher as primeiras áreas de milho segunda safra com médias abaixo do esperado, reflexo da estiagem e do ataque de cigarrinhas, principalmente nas lavouras cultivadas fora da janela ideal de plantio.
Em Nova Mutum, as colheitadeiras já estão ligadas nos milharais cultivados pela família Smaniotto. A expectativa para este ano era de produtividade elevada, já que a fazenda investiu alto no cereal, mas a esperança foi frustrada durante o ciclo da cultura: metade da área de 18 mil hectares foi cultivada 30 dias fora da janela considerada ideal e, com a baixa oferta de água durante o período de enchimento de grãos, o rendimento foi comprometido.
“Foi um ano muito desafiador, onde a seca castigou muito a soja. Com isso, houve atraso no plantio da soja e, consequentemente, atraso na segunda safra. Não esperamos produtividades muito alta, nós do grupo esperamos colher 100 sacas por hectare, o que é uma produtividade baixa para região”, disse Fernando Smaniotto
A presença da cigarrinha nas plantações é outra ameaça. Além de elevar os custos, a praga pode comprometer ainda mais a produtividade dos milharais “Por isso nós nos obrigamos a antecipar esta colheita do milho, colhendo milho com umidades elevadas, que tem um custo para secagem, padronização deste produto devido ao enfezamento da cigarrinha que acaba causando o tombamento do milho, então, não bastasse a seca, temos mais esse agravante da cigarrinha que pode reduzir estas produtividades na região”, completou.
A alta pressão de cigarrinhas e a estiagem também prejudicaram o desempenho das plantações de milho na fazenda Bons Princípios, no mesmo município. As máquinas já deram o pontapé inicial na colheita da segunda safra, que deve registrar produtividade até 20% menor que a do ciclo passado.
“A expectativa no que foi investido era para colher entre 135,140 sacas pelo menos e, hoje, a gente acredita que não colhe nem 100 sacas. A expectativa do agricultor é sempre colher bem, mas devido ao atraso, a gente sabia do risco”, disse o vice-presidente da Aprosoja Mato Grosso, Lucas Costa Beber, que ressaltou a falta de chuva durante quase todos os períodos da lavoura.
“A gente vê uma ponte verde no estado, porque estamos produzindo uma grande quantidade de semente, então se semeia milho o ano inteiro. Agora, com esta alta do preço, fez com que se plantasse o milho de safra normal também, então temos a ponte o ano inteiro. A praga aumentou bastante e a reclamação é generalizada, todos os produtores de maneira mais severa estão reclamando da cigarrinha”, disse Beber.
Os trabalhos ainda são pontuais no estado que mais produz milho no Brasil. A expectativa é de que a colheita só comece a ganhar ritmo a partir da segunda quinzena de junho, reflexo do atraso da semeadura das plantações.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 80% das áreas ainda se encontram entre as fases de florescimento e enchimento de grãos. Ao todo, 20% ainda não atingiram esses estágios e estão propícias a serem impactadas pelo baixo nível de umidade no solo e a estimativa é uma quebra de produtividade em torno de 7% em relação à safra passada e de 2,3% na produção total.
Com estiagem e ataque de cigarrinhas, colheita do milho 2ª safra começa em MT - Canal Rural
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