SÃO PAULO – Em uma sequência de altas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,89% em agosto ante julho – acima da alta de 0,82% esperada por economistas consultados pela Refinitiv e o maior resultado para um mês de agosto desde 2002.
No ano, o indicador acumula alta de 5,81% e, nos últimos 12 meses, de 9,30%.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior impacto no índice veio do aumento de 5% da energia elétrica, que exerceu o maior impacto individual no resultado, sendo responsável por 0,23 ponto percentual no índice do mês.
João Leal, economista da Rio Bravo, chama atenção para a maior dissipação das pressões sobre os preços em agosto, chegando também no grupo de bens industriais. “Isso mostra que a alta do IPCA não está mais concentrada, mas se dissipando por todo o indicador, sinalizando que a inflação vai continuar pressionada nos próximos meses, de forma mais difusa”, diz.
Segundo ele, o dado é uma preocupação adicional não apenas para o IPCA, cuja expectativa da Rio Bravo para o fim do ano é de 7,4%, como também para a estratégia de política monetária do Banco Central, com aposta de Selic em 7,5% ao fim do ano. Leal reforça, contudo, que ambas as projeções estão com viés de alta na casa.
“A situação não é boa, as pressões ainda devem se manter até o fim do ano e podem pressionar as expectativas para 2022”, completa.
Neste cenário, Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, avalia que é necessária uma maior normalização dos juros, com um movimento de aperto monetário mais acelerado, levando a Selic para um patamar acima do neutro.
“Pressões significativas de custo, de preços de insumos, o aumento da inflação de serviços, bem como riscos político e fiscal prolongados podem contaminar ainda mais as perspectivas para a inflação em 2022”, escreve, em relatório.
Segundo Ramos, a dinâmica recente, de aumento da inflação e das expectativas para o índice em 2021 e 2022, bem como dos preços dos combustíveis exige um acompanhamento atento e uma taxa de juros mais elevada.
Energia elétrica: a vilã de 2021
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Na avaliação de Gustavo Cruz, estrategista da RB investimentos, um ponto preocupante do indicador foi o impacto da energia elétrica, que veio maior do que o esperado, com aumento de 5%.
Cruz chama atenção ainda para a notícia do Estadão de que a Aneel pode dobrar a taxa extra na conta de luz em setembro de forma a bancar medidas contra o racionamento de energia elétrica.
Segundo a reportagem, novos cálculos internos do governo apontam para a necessidade de que a bandeira vermelha nível 2, hoje em R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), seja elevada para algo entre R$ 15 e R$ 20.
“Já vimos uma pressão desse tipo de julho para agosto, quando houve o aumento de R$ 6,24 para R$ 9,49. Só que agora com quase R$ 20, imagine a pressão”, diz.
E completa: “Isso pode pressionar o Banco Central a subir os juros mais rápido na reunião de setembro, que vai ser o auge desse impacto e com a crise hídrica sem dar sinalizações de que vai aliviar.”
Na avaliação de Cruz, levando em conta a inflação, a energia elétrica vai ser a grande vilã de 2021, assim como os alimentos foram em 2020.
“Eu ficaria muito atento aos dados, porque não foi um resultado que me agradou; faz sentido pensar agora em um IPCA maior ainda e uma Selic também mais alta no fim do ano”, diz.
Confira a metodologia dos diferentes índices assistindo ao vídeo abaixo:
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