SÃO PAULO – O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou variação negativa de 0,1% no segundo trimestre de 2021 na comparação com o primeiro trimestre de 2021. Esse resultado indica estabilidade e vem depois de três trimestres positivos seguidos de crescimento da economia. Em valores correntes, o PIB, que é soma dos bens e serviços finais produzidos no país, chegou a R$ 2,1 trilhões.
O dado, por sua vez, representou alta de 12,4% na comparação com igual período do ano passado. Os números foram divulgados nesta quarta-feira (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O indicador veio abaixo do esperado. A expectativa de economistas consultados pelo consenso Refinitiv era de alta de 0,2% da atividade econômica brasileira na comparação com o primeiro trimestre e alta de 12,8% na base de comparação anual.
Com o resultado divulgado nesta manhã, a economia brasileira avançou 6,4% no primeiro semestre. Nos últimos quatro trimestres, acumula alta de 1,8%, e na comparação com o segundo trimestre do ano passado, cresceu 12,4%. O PIB continua no patamar do fim de 2019 ao início de 2020, período pré-pandemia, e ainda está 3,2% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.
Agro e indústria em queda
Segundo o IBGE, o desempenho da economia no trimestre vem do resultado negativo da agropecuária (-2,8%) e da indústria (-0,2%). Por outro lado, os serviços avançaram 0,7% no período.
“Uma coisa acabou compensando a outra. A agropecuária ficou negativa porque a safra do café entrou no cálculo. Isso teve um peso importante no segundo trimestre. A safra do café está na bienalidade negativa, que resulta numa retração expressiva da produção”, explica Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
A atividade industrial também recuou devido às quedas de 2,2% nas indústrias de transformação e de 0,9% na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos. Essas quedas compensaram a alta de 5,3% nas indústrias extrativas e de 2,7% na construção.
“A indústria de transformação é influenciada pelos efeitos da falta de insumos nas cadeias produtivas, como é o caso da indústria automotiva, que lida com a falta de componentes eletrônicos. É uma atividade que não está conseguindo atender a demanda. Já na atividade de energia elétrica houve aumento no custo de produção por conta da crise hídrica que fez aumentar o uso das termelétricas”, acrescenta Rebeca.
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Nos serviços, os resultados positivos vieram de quase todas as atividades: informação e comunicação (5,6%), outras atividades de serviços (2,1%), comércio (0,5%), atividades imobiliárias (0,4%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,3%) e transporte, armazenagem e correio (0,1%). Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,0%) ficou estável.
“Quase todos os componentes dos serviços cresceram, com destaque para o comércio e transporte na taxa interanual, que foram as atividades mais afetadas pela pandemia e que estão se recuperando mais agora”, observa.
Consumo das famílias fica estável, do governo sobe
O consumo das famílias não variou no período (0,0%), ainda impactado pelos efeitos da pandemia. Já o consumo do governo teve alta de 0,7%. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) recuaram 3,6% no período.
“Apesar dos programas de auxílio do governo, do aumento do crédito a pessoas físicas e da melhora no mercado de trabalho, a massa salarial real vem caindo, afetada negativamente pelo aumento da inflação. Os juros também começaram a subir. Isso impacta o consumo das famílias”, observa Rebeca.
A balança comercial brasileira teve uma alta de 9,4% nas exportações de bens e serviços, a maior variação desde o primeiro trimestre de 2010. Na pauta de exportações, destaque para a safra de soja estimulada pelos preços favoráveis. Por outro lado, as importações caíram 0,6% na comparação com o primeiro trimestre do ano.
Variações semestrais
No acumulado do primeiro semestre, o PIB cresceu 6,4% em relação ao mesmo período de 2020, com desempenho positivo na agropecuária (3,3%), na indústria (10,0%) e nos serviços (4,7%). “Tivemos um crescimento, mas deve-se observar a base de comparação. A economia encolheu 5,6% no mesmo semestre do ano passado, quando ocorreu o maior impacto da pandemia”, acrescenta Rebeca Palis.
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Na comparação anual, o PIB avançou 12,4% no segundo trimestre deste ano, com alta de 1,3% na agropecuária, 17,8% na indústria e 10,8% nos serviços.
Pela ótica da despesa, o consumo das famílias cresceu 10,8%. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) avançaram 32,9% no segundo trimestre. Esse aumento é justificado pelos resultados positivos na produção interna, na importação de bens de capital e na construção. O consumo do governo teve alta de 4,2%.
Já no setor externo, as exportações cresceram 14,1% e as importações avançaram 20,2%. Nas exportações, o crescimento é explicado, principalmente, pelo acréscimo nos produtos agrícolas, na indústria automotiva; máquinas e equipamentos e minerais não metálicos. Por outro lado, as importações cresceram, principalmente, devido ao acréscimo nas compras de veículos automotores; máquinas e equipamentos; siderurgia e refino de petróleo.
(com Agência de notícias do IBGE)
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