SÃO PAULO – As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) subiram forte, com os ativos PETR4 em alta de quase 7%, após notícia da CNN Brasil sobre avanço em estudos sobre desestatização da companhia, depois confirmada por líder do governo no Senado. Os papéis PN saltaram 6,84%, a R$ 29,04, enquanto os ativos PETR3 registraram ganhos de 6,13%, a R$ 29,61.
Segundo a CNN, o plano que está em análise é de elaboração de um projeto de lei que permita à União começar a se desfazer das ações da companhia de forma a perder o controle. O governo federal tem o controle por meio de 50,5% das ações ordinárias (com direito a voto).
O governo seguiria com a chamada “golden share”, permitindo vetar determinadas operações da petroleira e ainda apontar o presidente da empresa.
A publicação aponta que a equipe econômica defende que a Petrobras passe para o Novo Mercado, acabando com a diferença entre ações ON e PN.
O governo então começaria a venda de ações pelos papéis que hoje são detidos pelo BNDES e pelo BNDESPAR. O objetivo seria transformar a Petrobras numa “corporation”, com capital pulverizado, como o que está sendo pretendido para a Eletrobras (ELET3;ELET6).
Posteriormente, Fernando Bezerra, líder do governo no Senado, confirmou a jornalistas a informação de que há estudos para um projeto de lei que abra caminho para venda de ações do governo na Petrobras, com a perda de controle estatal.
O Credit Suisse destaca que a notícia é positiva, uma vez que levanta uma discussão sobre uma potencial privatização. No entanto, o formato citado nas notícias com o governo mantendo a indicação do CEO e o poder de veto não é bom para os acionistas minoritários, avaliam os analistas do banco suíço.
Segundo Victor Hasegawa, gestor da Infinity Asset, a notícia é positiva. Porém, também ressalta que, com o governo mantendo golden share e continuando a indicar o presidente da companhia, “nenhum investidor vai querer pagar o real valor da empresa, o seu potencial, porque ainda vai ter o risco da ingerência política na empresa”. Assim, aponta, ela vai provavelmente sofrer um desconto nessas vendas.
“O ideal seria que [o governo] vendesse por inteiro sem manter essa “golden share”. Mas também a dúvida é se o governo quer mesmo fazer essa venda ou se só está aventando a possibilidade para parecer um pouco mais liberal num momento em que perdeu essa credibilidade de ser um governo liberal”, avalia.
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Ele também ressalta que há dúvida de como seria feita essa venda para transformar a empresa numa “corporation”, sendo que ela é um monopólio, ressaltando que seria mais produtivo se a Petrobras vendesse todas as suas refinarias.
Por outro lado, se já está sendo um processo difícil aprovar a venda das refinarias, Hasegawa ressalta que a aprovação da venda do controle pode ser ainda mais complicada. “Se vendesse todas as refinarias, pelo menos esse peso de ter que controlar o custo de combustível na bomba sairia dos ombros da Petrobras”, ressalta o gestor.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, lembra ainda que, no passado recente, a companhia passou por momentos de muita intervenção, como em novembro de 2014, quando a PwC recusou-se a auditar os resultados da estatal, levando a um atraso na divulgação dos números da companhia. Ou seja, o movimento recente em busca de menor interferência é positivo.
“Claro que privatização como um todo da Petrobras vai ser difícil de acontecer, governo sempre vai ter percentual e sempre tem a questão política. Mas, dado que estamos nos aproximando de 2022, falta pouco tempo para chegarmos no ano eleitoral e que há toda a pressão de [preços de] combustíveis, movimentos nessa direção dão algum alívio para o mercado”, avalia Cruz.
As ações já estavam subindo antes, cerca de 4%, em meio ao noticiário da companhia e em um dia de recuperação após as fortes quedas dos ativos na semana passada, com perda de cerca de R$ 30 bilhões de valor de mercado.
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro tinha afirmado, em entrevista para uma rádio de Mato Grosso do Sul, que a privatização da Petrobras “entrou no radar” do governo, mas disse que não é um processo imediato.
“Isso entrou no nosso radar. Mas privatizar qualquer empresa não é como alguns pensam, que é pegar a empresa botar na prateleira e amanhã quem der mais leva embora. É uma complicação enorme. Ainda mais quando se fala em combustível. Se você tirar do monopólio do Estado, que existe, e botar no monopólio de uma pessoa particular, fica a mesma coisa ou talvez até pior”, disse Bolsonaro à rádio Caçula, de Três Lagoas (MS).
Ainda nesta sessão, a estatal informou que elevará o preço médio do diesel nas refinarias em 9,15% e o da gasolina em 7,05%, a partir de terça-feira, refletindo parte da elevação do barril do petróleo no mercado internacional e da taxa de câmbio, afirmou a companhia em comunicado à imprensa nesta segunda-feira.
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Com os ajustes, o diesel –combustível mais comercializado do país– passará a ser vendido às distribuidoras a R$ 3,34 por litro, acumulando uma alta de 65% neste ano até o momento, segundo cálculos da Reuters a partir de dados da companhia.
Já a gasolina passará a ser comercializada a R$ 3,19 por litro, acumulando avanço de 73% no ano.
Em nota a clientes, o Credit Suisse afirmou ver como positivo o anúncio e disse que os reajustes reduziram a defasagem dos valores frente à paridade de importação, que nos cálculos do banco está agora em cerca de 11% para ambos os combustíveis.
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