Um estudo feito pelo Índice Cielo de Varejo Ampliado (ICVA) mostra que, na edição do evento em 2020, as vendas por e-commerce tiveram um crescimento de 21%, impulsionadas pela pandemia.
Rodrigo Garcia é diretor executivo da Petina Soluções em Negócios Digitais, uma startup que analisa performance de marketplaces nacionais e internacionais. Ele acredita que na edição deste ano da Black Friday, a tendência de compras on-line deve continuar.
“O mercado teve um fortalecimento muito grande no e-commerce, por conta de novos consumidores que entraram em virtude da pandemia e do fechamento de lojas. A tendência é que essa seja a melhor Black Friday que já tivemos no Brasil para o e-commerce.”
Mas as pessoas precisam ficar atentas para não cair em ‘pegadinhas’ de empresas e acabar “trocando gato por lebre" na hora de investir nas promoções anunciadas no mercado.
"O principal de tudo é se planejar para não comprometer o orçamento e também desconfiar das possíveis promoções, pois muitas delas não passam de fraudes para ludibriar o consumidor", alerta Garcia.
Tecnologia para maior segurança
O especialista lembra que a data é conhecida como "black fraude" em razão, principalmente, das lojas que costumam até dobrar o preço dos produtos dias antes do evento, para dizer que vão vender pela metade do valor. Garcia explica que as grandes plataformas de vendas têm combatido essa prática com o uso da tecnologia.
“São diversos mecanismos para impedir que o vendedor aja de má-fé, aumentando o preço antes para baixar na véspera, dando a falsa impressão de desconto. O Mercado Livre, por exemplo, tem uma trava capaz de deixar o produto que sofreu aumento de preços 30 dias antes da Black Friday inelegível para entrar em campanha. Então, se a empresa tiver o intuito de enganar o cliente, irá perder pelo menos um mês de vendas. No site próprio, não há esse limite e o vendedor pode colocar o preço que quiser”, afirma o diretor.
Segundo ele, esse mecanismo surgiu em 2019, após notificação de alguns sites pelo Procon. Além disso, o órgão de defesa do consumidor também monitora os produtos 90 dias antes do evento e têm autuado lojas que tentam ludibriar o público com campanhas fraudulentas.
O especialista também listou cinco dicas para os consumidores fugirem dessas promoções enganosas e serem bem sucedidos nas compras durante a Black Friday. Confira:
1 - Faça o monitoramento de preços
Antes de comprar na Black Friday, o consumidor precisa fazer uma ampla pesquisa do valor do produto desejado. Garcia destaca que esse monitoramento deve ser feito com antecedência e bem antes da promoção, para garantir que a mercadoria esteja realmente em oferta.
"A primeira etapa é o monitoramento dos preços. Não deixe para ver as promoções na última hora. Caso veja alguma irregularidade, como um aumento excessivo e depois um corte ilusório do preço, denuncie ao Procon. Existem sites que também fazem esse acompanhamento para certificar as lojas que usam promoções de verdade, como é o caso do Reclame Aqui. Ele é uma boa fonte de consulta.”
O especialista lembra também que já existem ferramentas para auxiliar o consumidor no monitoramento de preços. “Hoje existem sites que mostram gráficos com histórico de preços nos últimos 30 dias.”
2 - Verifique se a marca é confiável
Outra dica importante é verificar se a marca da loja escolhida ou pesquisada pelo cliente para compra tem uma boa reputação no mercado, tanto nos sites de defesa do consumidor quanto nos comentários feitos por outros consumidores. Garcia ressalta que também é necessário desconfiar de produtos com preços muito baixos nas páginas da internet, pois isso pode significar uma tentativa de golpe.
Segundo ele, o marketplace costuma dar mais segurança aos compradores porque a chance de uma possível fraude ou mesmo de um roubo dos dados é mais remota devido à confiabilidade dessas plataformas. "A pessoa precisa ter bastante cuidado na hora de inserir os dados on-line e as informações pessoais. Em muitos casos, o baixo valor é para atrair a vítima para um golpe", alerta.
3 - Veja se é possível cancelar a compra
Avaliar as formas de cancelamento das compras junto às lojas virtuais é outra maneira de se preservar contra uma campanha enganosa na Black Friday. O especialista explica que todos os sites têm políticas de cancelamento. “Existem espaços diferentes que variam conforme o site, mas todos devem ter a possibilidade de cancelamento.”
Esse tipo de desistência de produtos adquiridos pela internet é assegurado pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), que garante um prazo de sete dias em caso de arrependimento ou por questões financeiras ou porque o produto não condiz com as condições ofertadas.
Garcia ressalta que alguns marketplaces, por exemplo, dão prazo de até 30 dias para fazer a devolução. "O estabelecimento tem a obrigação de garantir esse direito. Caso a desistência não seja assegurada, está em desacordo com a legislação e é possível denunciar aos órgãos competentes de defesa do consumidor. É bom lembrar que o produto precisa estar na embalagem original e não pode ter sinais de uso se o cliente for devolver só por desistência e não por defeito.”
4 - Fique atento aos prazos de entrega
Um outro item que merece atenção especial do consumidor é sobre o cumprimento de prazos de entrega por parte das empresas.
“Isso é uma determinação da plataforma. O lojista que vende dentro do marketplace, tem que cumprir algumas normas. O despacho em 24 horas é uma exigência de praticamente todos eles, a não ser quando é um produto do segmento de móveis, que pode ter um prazo maior. Se a empresa não cumpre esse prazo, os produtos não aparecem na pesquisa. Então, as empresas precisam cumprir o prazo para ter um bom ranqueamento de seus produtos dentro dos canais de vendas.”
Além disso, se esse prazo não for cumprido, o consumidor pode cancelar a compra e a empresa será punida dentro da plataforma.
5 - Confira os produtos mais vendidos
O especialista orienta os consumidores a verificarem a lista dos produtos mais vendidos na edição passada da Black Friday.O objetivo da iniciativa é conferir se esses itens de fato tiveram boas promoções, por meio do grande volume de vendas.
Outra dica é verificar as avaliações do produto na plataforma, que mostram a sua classificação quanto à aceitação junto ao público e os comentários de outras pessoas que compraram aquela mercadoria.
"Esses são bons termômetros para a pessoa conseguir comprar o produto dos sonhos sem grandes problemas e saber se realmente está em oferta. Muitos esperam exatamente por essa data, então a dica é aproveitar esses dados como uma importante ferramenta de consulta.”
Garcia alerta ainda para os consumidores fugirem de sites desconhecidos e descontos muito grandes nos produtos.
“As plataformas têm respaldo dos marketplaces e isso evita que a pessoa caia em um golpe, por exemplo. Os sites só disponibilizam o dinheiro para o vendedor quando o produto for entregue. Ele entra em um fluxo de pagamento, então é mais difícil dar um golpe dentro dessas plataformas.”
“Estamos em um momento de racionamento de mercadorias também, então vai ser mais difícil dar super descontos. Obviamente, na Black Friday vamos ter descontos, mas eles serão menores que no ano passado e retrasado, por exemplo.”
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira
Cinco dicas para fugir das 'pegadinhas' na Black Friday - Estado de Minas
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