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Wednesday, June 9, 2021

Vendas do comércio crescem 1,8% em abril e setor elimina perdas de março - G1

Vendas cresceram 1,8% em abril na comparação com março, mostra IBGE

Vendas cresceram 1,8% em abril na comparação com março, mostra IBGE

As vendas do comércio varejista cresceram 1,8% em abril, na comparação com março, apontam os dados divulgados nesta terça-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da maior alta para um mês de abril em 21 anos, mesmo em meio às restrições ainda impostas pelas medidas de combate ao coronavírus.

Com o resultado, o setor eliminou a queda de 1,1% em março e voltou a ficar acima do patamar pré-pandemia, depois de ter ido abaixo dele no mês anterior.

Vendas do comércio voltam a crescer em abril — Foto: Economia/G1

Vendas do comércio voltam a crescer em abril — Foto: Economia/G1

Na comparação com abril do ano passado, a alta foi de 23,8% – a segunda taxa positiva consecutiva.

Segundo o IBGE, com o resultado de abril o varejo ficou 1% acima do patamar pré-pandemia. O setor acumula crescimento de 4,7% no ano e de 3,6% nos últimos 12 meses.

O resultado veio bem acima do esperado pelo mercado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de avanços de 0,1% na comparação mensal e de 19,8% sobre um ano antes.

Resultado acumulado em 12 meses para as vendas do comércio teve salto em abril — Foto: Economia/G1

Resultado acumulado em 12 meses para as vendas do comércio teve salto em abril — Foto: Economia/G1

Vendas de móveis e eletrodomésticos saltam quase 25%

Das 8 atividades pesquisadas, 7 tiveram aumento nas vendas na passagem de março para abril. A maior alta foi em móveis e eletrodomésticos (24,8%), seguida de tecidos, vestuário e calçados, de 13,8%.

Segundo o IBGE, a pandemia tem provocado mudanças na estrutura de consumo das famílias e no calendário de promoções do comércio.

"Abril foi um momento em que as grandes lojas de móveis e eletrodomésticos acabaram focando na receita de consumo das famílias”, destacou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Veja o desempenho de cada um dos segmentos em abril:

  • Combustíveis e lubrificantes: 3,4%
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -1,7%
  • Tecidos, vestuário e calçados: 13,8%
  • Móveis e eletrodomésticos: 24,8%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,9%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: 3,8%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 10,2%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 6,7%
  • Veículos, motos, partes e peças: 20,3% (varejo ampliado)
  • Material de construção: 10,4% (varejo ampliado)

A receita nominal do varejo acumulou alta de 1,4% em abril, frente a março. Na comparação com abril de 2020, houve alta de 36,1%.

Vendas de veículos e de material de construção têm forte alta

Pelo conceito varejo ampliado, que inclui "Veículos, motos, partes e peças" (20,3%) e de "Material de construção" (10,4%), o aumento no volume de vendas foi de 3,8%. Ambas as atividades haviam recuado no mês anterior. Frente a abril de 2020, o avanço foi de 41%. No acumulado no ano, a alta chegou a 9,2% e no acumulado em 12 meses, 3,5%.

Só vendas de supermercados caíram

A única queda foi observada em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,7%). Esse setor representa quase metade do volume de vendas pesquisado.

Segundo o gerente da pesquisa, em março, diante das medidas restritivas de funcionamento do comércio, o consumo das famílias se concentrou em hiper e supermercados. Em abril, com a retomada das atividades, o consumo se espalhou nas outras atividades que haviam registrado perdas no mês anterior.

"A atividade de hiper e supermercados perde um pouco de fôlego para outras atividades que tiveram perdas razoáveis em março, como tecidos e vestuário", anfatizou.

O pesquisador ponderou, ainda, que a inflação de alimentos não influenciou a queda das vendas de supermercados em abril.

Recuperação desigual

Apesar do comércio brasileiro ter retomado o patamar pré-pandemia em abril, os dados do IBGE mostram que a recuperação do setor segue bastante desigual, com diversos segmentos ainda no vermelho. Veja gráfico abaixo:

Nível de vendas do comércio varejista ficou 1% acima do registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia — Foto: Economia/G1

Nível de vendas do comércio varejista ficou 1% acima do registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia — Foto: Economia/G1

“O que observamos é que está aumentando a volatilidade mês a mês. Se olharmos os últimos índices, veremos que o comércio está tendo movimentos de mais ganhos e mais perdas. Um mês acaba rebatendo o outro, porque em um mês teve uma receita maior e no outro teve uma teve uma receita menor”, destacou Santos.

Avanço na maior parte do país

De março para abril, na série com ajuste sazonal, as vendas do comércio tiveram alta em 21 das 27 unidades da federação, com destaque para Distrito Federal (19,6%), Rio Grande do Sul (14,9%) e Amapá (10,8%). Já as maiores quedas foram em Mato Grosso (-1,4%) , Alagoas (-1,1%) e Sergipe (-0,8%).

No comércio varejista ampliado, houve alta em 25 unidades da federação, com destaque para Ceará (18,7%), Bahia (17,7%) e Tocantins (17,2%).

Repercussão e perspectivas

"O mês de abril foi marcado pelo início da reabertura da economia após as restrições impostas em março e pelo retorno do auxílio emergencial, fatores determinantes para a recuperação. Após uma surpresa positiva com a atividade no primeiro trimestre, o volume de vendas no varejo indica uma retomada mais forte no segundo trimestre", avaliou Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco Modalmais.

Após a divulgação do resultado de abril, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou de 3,3% para 3,9% a previsão de crescimento do consumo no setor para 2021.

Os analistas do mercado financeiro projetam um crescimento de 4,36% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil no ano , segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.

Apesar das incertezas ainda elevadas, os indicadores econômicos dos primeiros meses do ano têm surpreendido positivamente e a perspectiva é de melhora nos próximos meses. O Índice de Confiança Empresarial (ICE), por exemplo, subiu 7,9 pontos em maio e atingiu o maior nível desde março de 2014, último mês antes da recessão de 2014-2016.

Apesar da melhora nas projeções para 2021, a recuperação ainda enfrenta riscos. Economistas ouvidos pelo G1 destacam que o avanço da vacinação conta a Covid-19 e a dinâmica da pandemia no país seguem como a principal incerteza, mas que também são fatores de preocupação a delicada situação das contas públicas, a inflação elevada, o desemprego em patamar recorde e o risco de racionamento de energia.

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