Rechercher dans ce blog

Thursday, October 7, 2021

Em reviravolta, STJ decide que Vale não pode continuar recebendo por hidrelétrica soterrada em Mariana - Jornal O Globo

BRASÍLIA - Em uma reviravolta, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, suspendeu a liminar que permitia a uma hidrelétrica liderada pela mineradora Vale — que foi afetada pelo rompimento da barragem de Fundão, na cidade mineira de Mariana — continuasse recebendo recursos mensais do setor elétrico sem gerar energia.

Dados da Controladoria-Geral da União (CGU) apontavam custos da ordem de R$ 485 milhões desde 2015.

Crise hídrica:Risco de racionamento cai para 3%, ou até zero, com melhora nas chuvas, diz consultoria

O resultado do julgamento, favorável à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ocorreu após mudança de posicionamento do presidente do STJ, ministro Humberto Martins. Ele revisou a decisão dada por ele mesmo em outubro de 2020 em favor da Vale.

Entenda o caso

O imbróglio envolve a usina Risoleta Neves, que pertence ao consórcio liderado pela Vale e foi soterrada pela lama no desastre ambiental da Samarco, da qual a Vale é sócia, em 2015.

A Vale é dona também de 77,5% do consórcio que administra a hidrelétrica junto com a Cemig, que detém os 22,5% restantes das ações. A usina tinha 140 MW de potência instalada.

Mea culpa e reação: Zuckerberg se desculpa por pane e contesta acusação de que lucro está acima da segurança

Em 2017, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou a suspensão temporária da operação comercial da usina, o que levou à exclusão da Risoleta Neves do Mecanismo de Realocação de Energia – sistema pelo qual a energia elétrica produzida por todas as hidrelétricas do país é somada e depois rateada entre cada uma delas, segundo sua capacidade de produção.

O mecanismo foi criado para reduzir os riscos econômicos dessas usinas, já que é o Operador Nacional do Sistema (ONS) que determina o nível de geração de energia de cada hidrelétrica do país de acordo com o volume de chuvas.

A mineradora, no entanto, acionou a Justiça e conseguiu uma liminar para permanecer no sistema. A decisão foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região e, por isso, a Aneel recorreu ao STJ. Em outubro de 2020, o pedido da agência foi negado pelo ministro Humberto Martins.

Crise hídrica: Alterações em MP podem custar R$ 46,5 bi para consumidores

Segundo auditoria feita pela CGU e encaminhada ao STJ, o sistema elétrico suportou, de 2015 até março de 2021 custos da ordem de R$ 485 milhões em decorrência da manutenção da Risoleta Neves no mecanismo de realocação, "de forma que os custos financeiros alocados diretamente aos consumidores estão aproximadamente em R$ 161 milhões".

Em manifestação encaminhada à Corte no último dia 24, a Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu os argumentos apresentados pela Aneel, uma vez que entende estar comprovado o impacto financeiro ao sistema elétrico gerado pela manutenção do pagamento a uma usina inoperante, segundo apontou a CGU.

A PGR ainda lembrou que em casos semelhantes o STJ considerou ofensiva à ordem pública a interferência judicial na seara administrativa do serviço de energia elétrica regulado pela Aneel, uma situação que classificou de "tratamento privilegiado" dado à Vale.

Leia também:Especialistas criticam vincular novo Bolsa Família à reforma do IR, que ainda não foi aprovada

"Excepcionalidade de receber receita decorrente da venda de energia sem lastro em geração real de energia (dada a paralisação da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves), fazendo-o às custas da geração e dos recursos de outras usinas hidrelétricas participantes do Mecanismo de Realocação de Energia, concebido apenas para compartilhamento de risco hidrológico", argumentou a PGR.

Leia também:Especialistas criticam vincular novo Bolsa Família à reforma do IR, que ainda não foi aprovada

Ao STJ, o consórcio dono da usina defendeu a manutenção da hidrelétrica no mecanismo, uma vez que uma de suas finalidades seria equacionar o excesso ou o déficit na oferta de energia.

Procurada, a Vale disse que vai avaliar os termos da decisão.

"Mas é importante ressaltar que, independentemente do resultado da ação, a Vale já apresentou proposta à Aneel para neutralizar os efeitos financeiros da aplicação do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), como divulgado em 9 de setembro", afirma a nota.

Adblock test (Why?)


Em reviravolta, STJ decide que Vale não pode continuar recebendo por hidrelétrica soterrada em Mariana - Jornal O Globo
Read More

No comments:

Post a Comment

Quer virar patrão em 2022? Veja 12 franquias de R$ 10 mil a R$ 150 mil - UOL Economia

Ano novo, vida nova. Se você pretende ter o seu próprio negócio em 2022, investir em franquias pode ser uma opção. O UOL selecionou 12 fra...