O fluxo de capital estrangeiro na Bolsa de Valores brasileira foi negativo em R$ 4,8 bilhões em setembro, segundo relatório da XP Investimentos divulgado nesta quarta-feira (6).
O saldo mensal voltou a ser negativo, em comparação com o mês anterior, que registrou um saldo positivo de R$ 8,5 bilhões. O saldo de 2021 ainda é positivo, com alta de R$ 71,8 bilhões.
Para evitar a perda de mais investidores e trazer de volta aqueles que saíram, o país precisa solucionar a trajetória os riscos fiscal e político, recuperar o crescimento da economia, contar com um cenário positivo para as commodities e os mercados emergentes, segundo o relatório da XP assinado pelo seu estrategista-chefe, Fernando Ferreira, e pela estrategista Jennie Li.
Os analistas ainda apontam que para um cenário favorável ao capital estrangeiro é necessário que as empresas brasileiras ampliem as iniciativas ESG, que consideram aspectos ambientais, sociais e de governança nas análises de investimento.
A XP também destaca que, em setembro, fatores domésticos e externos pesaram sobre a Bolsa brasileira, que recuou de 120 mil para 110 mil pontos ao final do mês.
Internamente, o mercado foi impactado por projeções menores de crescimento em 2022, inflação em alta, crise hídrica e eleições se aproximando.
No cenário externo, a volatilidade aumentou por conta da crise no setor imobiliário na China, uma crise energética e desaceleração no crescimento global, e a sinalização de que o Federal Reserve, o banco central americano, deverá dar início à retirada dos estímulos econômicos ainda neste ano.
“As incertezas acima parecem ter sido em grande parte precificadas pelo mercado, à medida que o índice Ibovespa caiu quase 18% do pico de 130 mil pontos em junho para os atuais 110 mil pontos”, diz o relatório.
Segundo a XP, em setembro, o Ibovespa continuou apresentando desempenho inferior ao de seus pares internacionais, com recuo de 6,6% em moeda local e, com o real mais fraco, queda de 11,7% em dólar.
"Em comparação, as ações globais, medidas pelo MSCI ACWI [índice que segue o desempenho de países emergentes], registraram perdas de 4,3% no mês passado.”
Pessoas físicas na Bolsa aumentam, mas investimento cai
Apesar disso, o número de investidores pessoas físicas continuou crescendo. Essa tendência, somada ao potencial de migração de renda fixa e poupança, que juntos somam mais de R$ 5 trilhões (levando em conta somente fundos investidos em renda fixa), para renda variável, é vista com otimismo pela XP em relação ao potencial de crescimento da Bolsa no longo prazo.
Em setembro, 51,3 mil pessoas físicas entraram na Bolsa, uma alta mensal de 1,3%, elevando o número total de participantes para 3,97 milhões. O número representa alta de 22,9% na comparação com 2020, que terminou com saldo de 3,23 milhões de contas ativas na B3, a Bolsa de Valores brasileira.
Apesar de estarem presentes em maior número, os investidores tiraram mais dinheiro do mercado de ações do país em setembro. A queda mensal foi de 4,3% na posição total dos investidores pessoas físicas, o equivalente à redução de R$ 23,4 bilhões. O total investido por esse grupo passou de R$ 537,2 bilhões para R$ 513,9 bilhões.
Ainda assim, na comparação de setembro com a posição no final de 2020 (R$ 452,6 bilhões), houve um aumento de 13,5%.
“Acreditamos que esse crescimento de longo prazo está alinhado com a melhora da educação financeira no país. A leve queda mensal na posição total de investidores pode ser atribuída à queda na Bolsa no último mês, com o aumento da taxa Selic, bem como a percepção de riscos aumentando, dado as incertezas políticas e fiscais que estamos vivendo”, afirmam os analistas.
Estrangeiro tira R$ 4,8 bi da Bolsa em setembro; pessoas físicas sacam R$ 23 bi - Folha de S.Paulo
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