Black Friday: chegou o dia, com promessa de desconto médio de 70% - Estado de Minas
“Enfim, sextou!”, comemora o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza. O tom eufórico não reflete a proximidade do fim de semana, mas a chegada da Black Friday, a sexta-feira mais popular do calendário capitalista. Em Belo Horizonte, lojistas prometem descontos em torno de 70%, nos mais diversos segmentos.
Após um longo período de vacas magras – reflexo da crise do coronavírus –, o comércio da capital demonstra, enfim, um otimismo sem reservas. A expectativa – sobretudo para as próximas 24 horas – é de estabelecimentos cheios, descontos agressivos e grande giro nas caixas registradoras, capaz de impulsionar os negócios para fora do atoleiro em 2022.
Quem for às compras – on-line ou nas lojas físicas – terá a chance de adquirir produtos com abatimentos superiores a 80%, desde que fique atento às fraudes, aos golpes e às artimanhas que garantem barganhas vantajosas e seguras.
Segundo estimativas da CDL/BH, as vendas desta Black Friday devem injetar R$ 2,11 bilhões na economia de BH, alta de 2,46% em relação ao mesmo período do ano passado. Para o presidente Marcelo de Souza, o aumento reflete o avanço da vacinação contra a COVID-19, o pagamento antecipado do 13º salário do funcionalismo público municipal, além da regularização do 13° dos servidores estaduais que, pela primeira vez em cinco anos, receberão em dia. A entidade projeta que a normalização resultará na circulação de R$ 1 bilhão extra no estado ao longo do mês de dezembro.
“Pensando nisso, orientamos os comerciantes da capital a ampliar as liquidações até dia 30, na terça-feira, quando sai a primeira parcela do 13º. Será uma excelente oportunidade para o comércio girar o estoque e fidelizar os clientes. Ao mesmo tempo, os consumidores terão a chance de comprar à vista, com o dinheiro em mãos e, consequentemente, com maior poder de barganha”, pondera o dirigente.
O fator liquidez, contudo, não parece afetar a disposição da clientela para a data. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Locomotiva no último dia 23 mostra que 32% dos brasileiros devem comprar produtos em oferta mesmo que, para isso, precisem fazer dívidas.
Entre os 70% que pretendem consumir, 42% afirmaram estar muito dispostos a comprar nesta edição, enquanto 27% se disseram dispostos. O levantamento ouviu 1.500 pessoas com mais de 18 anos e acesso à internet, de 29 de outubro a 3 de novembro.
Que o diga a manicure Ruth Ribeiro, que se antecipou à sexta de descontos e foi ontem mesmo a uma loja de eletrodomésticos no Centro de Belo Horizonte para comprar uma TV de LED 55 polegadas. “Namoro esta televisão há mais de um ano! Hoje, consegui comprá-la com 40% de desconto, é um sonho! Um sonho que realizei em 24 vezes no cartão de crédito, mas realizei”, conta.
A mesma animação foi percebida entre os clientes da Colcci, loja de roupas situada no shopping Diamond Mall, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. “Hoje ainda é quinta e o movimento aqui está uma loucura! Não paramos um segundo!”, comenta o gerente Luiz Miguel.
Os dois estabelecimentos compõem os segmentos mais badalados do megavento. De acordo com pesquisa realizada pela CDL/BH, eletroeletrônicos e vestuário serão os elementos mais cobiçados da temporada. Entre os 300 consumidores entrevistados pela entidade, 45,1% demonstraram interesse em comprar eletrodomésticos, enquanto 30,1% se mostraram inclinados a renovar o guarda-roupa. Os cosméticos e perfumes (20,4%), os calçados (16,8%) e os smartphones (15,1%) também apareceram na lista.
Para atrair a freguesia, lojas de todo o estado prepararam um verdadeiro arsenal de artifícios. Dados da Fecomércio apontam que os empresários mineiros planejam descontos superiores a 50%. Conforme o levantamento, os empreendedores também aderiram à oferta de mais variedade de marcas e produtos (25,9%); ao atendimento diferenciado (19,8%); à facilidade no pagamento (18,1%) e à divulgação/propaganda (14,7%).
PELO CELULAR
Contudo, quem deve nadar de braçada mesmo são os e-commerces. Segundo projeções da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o faturamento do setor para a data em 2021 será 25% maior na comparação com 2020. Boa parte das transações vai ocorrer pelo celular, que se tornou o principal canal de compras de 30% da população no último ano, conforme dados da consultoria PwC.
“Todos sabemos que a pandemia provocou grandes alterações de comportamento. Pelo tempo que está demorando, o ambiente associado à pandemia está incentivando mudanças de hábitos que vão impactar o comércio por muito tempo”, afirma Carlos Coutinho, sócio da PwC Brasil. “A epidemia e todo o seu entorno estão criando novos hábitos de consumo e comportamentos da população bem distintos, que podem definir padrões de longo prazo em atitudes de compra”, complementa o líder.
As pesquisas por lojas e descontos começaram há pelo menos três semanas – ao menos no Google. Segundo o gigante de tecnologia, as buscas pelo termo Black Friday esquentou especialmente entre os dias 7 e 13 de novembro. Entre os produtos mais procurados estão: tênis, perfumes, monitor, fraldas, roupas, livros, cadeira gamer, TV Smart, Smart Phone e celular.
Brasileiro se diz inseguro, mas não dispensa compra na web
Apesar da insegurança com ataques cibernéticos, 7 em cada 10 consumidores brasileiros se mostram dispostos a aproveitar as promoções da Black Friday pela internet, mantendo a proporção registrada em 2020. Os números fazem parte de uma pesquisa da Boa Vista, divulgada ontem. Cerca de 57% dos entrevistados disseram que se sentem inseguros em comprar pela web. Três em cada 10 disseram que vão aproveitar as promoções em lojas físicas.
Uma das razões da insegurança, segundo a Boa Vista, está no aumento de pessoas que sofreram com fraudes em compras anteriores – são 37% em 2021, contra 27% em 2020. A principal fraude registrada foi o uso indevido do cartão de crédito por terceiros, com 45% das menções, seguido por golpe em casos de compras em sites falsos, com 26%.
Apesar disso, na comparação de 2020 com 2021, caiu de 22% para 12% o número de consumidores que não costumam fazer compras pela web. No entanto, 71% declararam que se sentem inseguros em fornecer dados pessoais (em 2020 eram 53%), e outros 29% dizem não saber identificar se um site é seguro ou não.
Ainda de acordo com o levantamento, o total de consumidores que tiveram problemas com compras na web no período passou de 49%, em 2020, para 53%, neste ano. Em 33% dos casos os problemas não foram resolvidos. As principais queixas foram de atraso na entrega, apontado por 36% dos entrevistados, produtos não recebidos (29%) e produtos danificados, 8%.
Para 67% dos consumidores que pretendem fazer compras, as oportunidades tendem a ser vantajosas, principalmente no que diz respeito aos preços. Quase metade dos entrevistados (48%) pretende aproveitar as oportunidades de descontos, enquanto 43% têm se planejado ao longo do ano para realizar a compra.
"Em virtude das medidas sanitárias adotadas durante a pandemia, vimos um aumento significativo das compras online. Muita gente que ainda preferia comprar nas lojas físicas se viu mudando de hábito. Com isso vieram os aprendizados e as comodidades de se comprar pela internet, mas também alguns problemas relacionados às compras neste ambiente", afirma Lola de Oliveira, diretora de Marketing e Relacionamento com o Cliente da Boa Vista.
Ela lembra do Censo da Fraude 2021, um estudo da Konduto, empresa especializada em antifraude transacional para e-commerce, meios de pagamentos e contas digitais, recém-adquirida pela Boa Vista, que constatou que esse aumento das compras online foi tanto e legítimo que serviu para equilibrar o número de tentativas de fraude. "O resultado é que, nos seis primeiros meses do ano, o porcentual de fraudes caiu em quase todos os Estados do País", revela Lola de Oliveira.
Com 54% e 52% da preferência, os eletrodomésticos e os eletrônicos, respectivamente, continuam sendo as categorias mais procuradas na Black Friday. Em 2020, ambas registraram preferência de 47% e 44% dos consumidores, respectivamente. 63% dos entrevistados afirmaram que vão comprar produtos que ainda não possuem, 34% buscarão produtos que vão substituir outros já em uso e 3% pretendem adquirir lançamentos.
O parcelado será a opção de 69% dos consumidores para pagamento na Black Friday deste ano, ainda segundo a Boa Vista. Entre eles, 38% utilizarão o cartão de crédito, 25% o cartão de débito e dinheiro e 12% optarão pelo Pix.
AUMENTO DE PREÇOS
A pesquisa identificou ainda que 33% não farão compras nesta data. A principal razão está na percepção do aumento dos preços com 27% das menções, contra 16% em 2020 e 12% em 2019. O segundo motivo mais citado foi a desvantagem de comprar na data (21%), seguido por contenção de despesas (17%) e priorização de outras contas da casa (14%).
A pesquisa realizada pela Boa Vista foi feita por meio de questionário de autopreenchimento, encaminhado por e-mail, entre outubro e novembro de 2021. Contou com a participação de aproximadamente 600 consumidores de todas as classes sociais e regiões do País, inclusive aqueles que buscaram informações e orientações no site Consumidor Positivo da Boa Vista. A margem de erro é de 3%, para mais ou para menos, e o grau de confiança é de 90%.
ATENÇÃO AO PIX
Lançado em outubro do ano passado, o Pix facilitou as transações financeiras, que agora caem na hora, sem nenhum custo. Os usuários, no entanto, ficam mais sujeitos a golpes de difícil reversão ou ressarcimento. E é preciso ficar atento durante a Black Friday
“Se uma pessoa foi vítima de um crime no qual teve que transferir dinheiro via Pix, o ideal é comunicar o banco da conta de destino logo após a transferência. Embora não exista garantia de reembolso, isso ajuda a identificar as contas usadas pelos criminosos”, orienta Leonardo Carvalho, coordenador do MBA em Gestão de Negócios no Centro Universitário Newton Paiva, Leonardo Carvalho.
Outro cuidado é não autorizar grandes valores da corrente por meio do Pix. “A pessoa deve se cerca de todos os cuidados possíveis pois, embora existam casos de sucesso nos quais a vítima de um golpe processou o banco e teve ganho de causa, a decisão de entrar na Justiça contra a instituição financeira não é garantia de êxito”, orienta o especialista.
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