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Wednesday, November 24, 2021

Fintechs de pagamento enfrentam 1º teste na Bolsa: ações despencam, com juros altos - Jornal O Globo

SÃO PAULO - Em meio à maior necessidade de financiamento que o mundo tecnológico exige e ao aumento dos juros no Brasil, as ações das chamadas fintechs de pagamento estão passando por uma forte correção de preços em seu primeiro teste de resistência no pregão, dizem analistas.

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Os papéis de empresas como Stone e PagSeguro, negociados na Bolsa americana Nasdaq, acumulam perdas de 32,94% e 13,78% nos últimos cinco pregões; em seis meses, a desvalorização chega a 72% e 39%, respectivamente.

Essas empresas também têm recibos de ações negociados na B3, os chamados Brazilian Deposit Receipts (BDRs), que seguem o movimento de desvalorização das ações nos EUA.

Para Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, a trajetória de alta dos juros no Brasil prejudica as fintechs de meios de pagamento ao encarecer o custo de sua operação e também da captação de recursos, dada a necessidade de investimentos.

— E, diferentemente dos bancos digitais, essas fintechs têm um mix mais restrito, não conseguem oferecer tantos produtos ao consumidor. A Stone, por exemplo, tentou oferecer crédito e teve problemas. Além disso há o Pix, que reduz a margem de geração de receitas — diz Crespi.

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Exigência de recursos

Nos Estados Unidos, os juros dos títulos do Tesouro americano também sinalizam alta, com previsão de um futuro enxugamento de liquidez.

— A Nasdaq só respira bem quando os juros estão atraentes para alimentar a incansável necessidade de investimentos que exige o mundo tecnológico. Por aqui, com a alta da inflação, quem mais perde é a classe de renda que é o foco dessas fintechs, os desbancarizados. A inadimplência está batendo na porta — diz o analista da Senso Investimentos João Frota.

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Os números divulgados pela Stone, referentes ao terceiro trimestre deste ano, já mostram menos fôlego do que esperava o mercado. Apesar de crescimento de 8% nas transações, o lucro líquido caiu 54% em relação ao mesmo período de 2020, para R$ 132,7 milhões. Analistas esperavam, em média, lucro líquido de R$ 193 milhões. 

O analista da Avenue William Castro Alves lembra, no entanto, que o prejuízo contábil da Stone ficou em R$ 1,26 bilhão no período devido à desvalorização das ações do Banco Inter.

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Em junho deste ano, a Stone aportou R$ 2,5 bilhões no Inter, ficando com uma fatia minoritária de 4,9%. Nos últimos seis meses, as ações do banco Inter desabaram mais de 50%.

— A desvalorização das ações do Inter afetou os números da Stone no terceiro trimestre — disse Alves.

Custo de integração

A queda dos papéis da Stone contagiou as ações da PagSeguro, sua principal concorrente. Desde a semana passada, analistas de grandes bancos já vinham colocando em xeque a tese de investimentos dessas fintechs de pagamento.

O Bradesco BBI, por exemplo, rebaixou a recomendação para as ações da Stone de neutro para underweight (abaixo da média do mercado).

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Na análise do Bradesco BBI, a expectativa de lucro da empresa este ano caiu 58%, para R$ 745 milhões. Em um relatório divulgado no fim de semana, liderado pelo analista Otavio Tanganelli, o Bradesco BBI cita a alta de custos operacionais que a Stone deve ter para a integração da Linx, empresa de software especializada em varejo, comprada no fim do ano passado por R$ 6,7 bilhões.

“A StoneCo deve enfrentar a pressão da integração de custos mais altos da Linx e investimentos em tecnologia, vendas e marketing”, diz o relatório.

Queda dos papéis da Stone contagiou as ações da PagSeguro Foto: Agência O Globo
Queda dos papéis da Stone contagiou as ações da PagSeguro Foto: Agência O Globo

Os analistas do Bank of America (BofA) reiteraram a sua visão neutra para as ações da Stone, com preço-alvo de US$ 59. A ação fechou ontem a US$ 17,53.

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“É importante ressaltar que a empresa não apresentou sinergia de receita ou de custo com a aquisição da Linx”, escreveram os analistas Mario Pierry, Antonio Ruette e Flavio Yoshida, do BofA.

Incerteza da recuperação

Para o banco Goldman Sachs, o resultado mais fraco da Stone no terceiro trimestre deveu-se principalmente às maiores despesas financeiras, devido ao aumento das taxas de juros. A empresa também investiu R$ 120 milhões para o crescimento do negócio no período.

“Acreditamos que os resultados criam incerteza adicional quanto ao momento da recuperação do negócio”, escreveram os analistas do banco.

Durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre, lembrou o Goldman Sachs, a Stone destacou as necessidades de maiores investimentos a curto prazo, a fim de explorar oportunidades de mercado de longo prazo em micro e pequenas e médias empresas.

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Apesar do resultado mais fraco no período, o Goldman Sachs manteve a recomendação de compra dos papéis.

Os analistas do BTG também mantêm a recomendação de compra para os papéis do PagSeguro, apesar dos desafios relacionados ao aumento das despesas financeiras.

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